Um mulato baiano
Muito alto e mulato
Filho de um italiano
E de uma preta hauca
Foi aprendendo a ler
Olhando mundo a volta
E prestando atencao
No que nao estava a vista
Assim nasce um comunista
Um mulato baiano
Que morreu em Sao Paulo
Baleado por homens do poder militar
Nas feicoes que ganhou em solo americano
A dita guerra fria
Roma Franca e Bahia
Os comunistas guardavam sonhos
Os comunistas Os comunistas
O mulato baiano mini e manual
Do guerrilheiro urbano que foi preso por Vargas
Depois por Magalhaes
Por fim pelos milicos
Sempre foi perseguido nas minucias das pistas
Como sao os comunistas
Nao que os seus inimigos
Estivessem lutando
Contra as nacoes terror
Que o comunismo urdia
Mas por vaos interesses
De poder e dinheiro
Quase sempre por menos
Quase nunca por mais
Os comunistas guardavam sonhos
Os comunistas Os comunistas
O baiano morreu
Eu estava no exilio
E mandei um recado
eu que tinha morrido
E que ele estava vivo
Mas ninguem entendia
Vida sem utopia
Nao entendo que exista
Assim fala um comunista
Porem a raca humana
Segue tragica sempre
Indecodificavel
Tedio horror maravilha
O mulato baiano
Samba o reverencia
Muito embora nao creia
Em violencia e guerrilha
Tedio horror e maravilha
Calcadoes encardidos
Multidoes apodrecem
Ha um abismo entre homens
E homens o horror
Quem e como fara
Com que a terra se acenda
E desate seus nos
Discutindo se Clara
Iemanja Maria Iara
Iansa Catijacara
O mulato baiano ja nao obedecia
As ordens de interesse que vinham de Moscou
Era luta romantica
Ela luz e era treva
Venta de maravilha de tedio e de horror
Os comunistas guardavam sonhos
Os comunistas os comunistas